sexta-feira, 24 de julho de 2009

Resposta

Laura,

Não sei o que me fez partir assim. Estou roendo minhas unhas de dois em dois dias e mesmo que elas estivessem em carne viva - ainda assim - não me daria por satisfeita. Aquilo que disse, com raiva, era mentira. E tem sido uma mentira desde que cheguei aqui. A mala está jogada em um canto, porque ainda não encontrei forças - nem vontade - de arrumar as roupas e os sapatos. Estou tão bagunçada quanto minha mala. E tão velha quanto. Não encontrei o que procurava. E digo: ele ainda não me encontrou. Aquelas cartas longas e aqueles postais - tudo, tudo deveria ser esquecido. Ou pelo menos queimado em algum quintal. Não tenho novidades mornas ou frias. O porta-retrato que você me deu está em cima do criado mudo, exatamente onde deveria estar. Eu que não sei onde eu deveria estar. E é exatamente aqui.

Carinho,

Sua.