sábado, 25 de abril de 2009

Algumas coisas, de fato, são assim. Assim mesmo: difícil de esquecer, de dormir sem pensar, de apagar do pensamento. Ainda agora, desisto; nem mais tento. Cabelos curtos, cigarros e uma cafeína impregnada: antigüidades.Não mais.Retornam fácil, fácil. Talvez não tivesse abandonado nunca essas necessidades tão pueris. Coisas bobas, mesmo. dobrar papéis, fazer pulseiras e brincar de arte: é desejo, vontade. Com um tempo tão acabrunhado, sem jeito, ando sem escrever, sem poetar, sem ler, sem mim. Saudade do tempo: tempo esticado, de preguiça, pra alongar e deixar até o alvorecer, sem piscar. Sem arrependimentos. Pensei ser possível tragar o tempo e desdobrá-lo com as mãos. Pensei ser possível tocar com as pontas dos dedos suas horas translúcidas e efêmeras e capturar os minutos com suspiros. Pensei ser possível. Devaneios, delírios. Pensei ser possível: deixar esse mesmo tempo atravessar a rua, lado a lado, enquanto o segurava, ainda que bruscamente, e escapulia, como quem ama o desespero, a agonia.Depois de debruçar meus olhos em papéis azuis milimetricamente recortados, chegou a hora de produzir estrelas: um presente para um outro tipo de estrela. Iluminada.

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